quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Niagara Falls

No Brasil a gente escuta com frequência que temos feriados demais... Estamos há menos de dois meses em Toronto e já passamos por dois e temos mais um pela frente no princípio de setembro. A diferença é que eles se concentram na segunda-feira para não prejudicar a semana.


Enfim, tivemos a segunda feira livre, o que nos permitiu conhecer as cataratas do Niagara. Pegamos um ônibus de uma companhia chinesa que trabalha associada a um dos cassinos da cidade. Por 25.00 dólares eles levam pessoas de Toronto para tomarem o dinheiro deles lá em troca de preços bem acessíveis pelo translado. Então lá fomos nós, destoando do grupo porque predominavam velhinhos e velhinhas, sorridentes e esperançosos (só na ida, pois na volta a impressão era de que estávamos numa excursão para assistir a um funeral), com as carteiras recheadas de dinheiro.



Após uma hora e meia de estrada, finalmente chegamos à rodoviária do cassino. Isso mesmo, vários ônibus vindos de diversas regiões, cheios de dólares dentro de bolsos e bolsas estacionam dentro do próprio hotel. Tratamento VIP, cartões de identificação, descontos em buffets, local para deixar bagagens e casacos for free, etc e tal. Tudo com o maior conforto para te deixar bem à vontade para perder seu dinheiro sem tanto sofrimento. Utilizamos tudo que foi possível, fizemos o cartão, guardamos nossa bagagem e fugimos correndo do cassino.




A cidade é especial, cheia de atrações, de restaurantes, parques e de lojas por todos os lados, demonstrando muito bem que o dinheiro corre por ali com a mesma intensidade das águas. Tudo de muito bom gosto e bem planejado para atrair principalmente os americanos a atravessarem a ponte que separa o Canadá dos States.



Chegamos diante das cataratas e fizemos um passeio inesquecível, de barco, até o meio das quedas. É impressionante! Sabe aquele sentimento do tipo "como o ser humano é insignificante e pequeno diante da grandeza da natureza"? Literalmente é o que a beleza de Niagara Falls transmite.


Pois bem, resistimos ao cassino durante o dia, mas à noite, curiosos que somos, fomos nos apresentar ao monstro. Eu não sei onde esconderam o rabo, as garras e o chifre do cassino, porque quando entramos lá, tudo era lindo, luxuoso, e aparentemente confortável. Lembro bem do sorriso da minha gatona ao sentar diante de uma máquina e começar a puxar a alavanca. Sensação indescritível!

Voltando aos fatos, combinamos gastar no máximo 20 dolares cada um, só para sentir o gostinho da experiência. Em cinco minutos, isso mesmo, em míseros 5 minutos, os quarenta dólares viraram pó, foram engolidos sem dó nem piedade pelo monstro. E olha que fizemos as menores apostas possíveis, 25 centavos por vez, no chamado caça níquel.

Saímos correndo do cassino, aterrozidados e abismados com a truculência do monstro. Percebendo que já estávamos de saída, a besta ainda tentou nos sugar de volta, abalando nossos sentimentos: nos fez sentir a angústia da derrota, nossos sonhos foram esvaídos repentinamente e nossos desejos reprimidos. Nocauteados, literalmente ficamos sem chão. Caramba, a gente economiza na comida, no transporte, em tudo que pode para conseguir bancar nosso projeto, e, num lapso momentâneo, vem essa aberração disfarçada de salvação e tenta carregar tudo da gente??? Nos levou 40 dólares como quem rouba um doce de uma criança. Foi doloroso, difícil, mas sobretudo necessário sair rápido de lá, apesar do esforço da criatura em nos fazer tentar recuperar os dólares perdidos e a satisfação que carregávamos na entrada.


E foi assim que finalmente entendemos que as maiores quedas de Niagara não as das águas, mas sim dos apostadores. E novamente tive o mesmo sentimento de "como o ser humano é insignificante e pequeno diante de sua própria natureza".


No dia seguinte passeamos mais, e, na hora de embora, adivinha quem aparece, disfarçado de oportunidade, tentando nos laçar? Ele mesmo, o intrépido belzebu para profanar a trindade dos infernos novamene! Dentro do ônibus, voltando para casa, como que para amenizar o sofrimento dos velhinhos, recebemos a "doce" notícia de que, se quisermos voltar, dentro do mês de agosto, o transporte é free. Oferta da casa!!!


Uma vez basta, valeu a experiência...




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