segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Spoon e Fork

Havia uma bela ilha ao norte, longe, muito longe de tudo, há milhares de quilômetros de nosso mundo. Era um recanto de paz e de beleza, protegida e segura. Praias e muito verde cercavam toda a ilha, que era cheia de grandes pomares e muita água. Flores brotavam por todos os cantos enfeitando os vastos e planos campos, onde suaves brisas sempre aliviavam o calor do verão. No inverno, tudo se transformava com a chegada da neve, que enfeitava os telhados das casas e trazia novos encantadores cenários aos moradores.

Neste paraíso vivia um dos nossos personagens, que aqui chamaremos de Fork. Apesar de parecer bastante jovem, já beirava os 40 anos. Era um pouco franzino, de pele branquinha e cabelos pretos, de jeito meigo, palavras suaves e dóceis.

Fork era um verdadeiro sonhador, romântico e sensível. Seus olhos captavam o mundo sob uma ótica apaixonada, colorida e viva, transformando as pontas agudas em curvas suaves. Sob seu olhar, o áspero se tornava liso, o duro ficava macio, o cinza um arco-íris.

Mas mesmo diante de tantos brilhos e sonhos, Fork carregava um enorme vazio em seu coração, que consumia sua vida, que apunhalava sua alma dia após dia. Vivia em completa solidão, vagando pelos quatro cantos da cobiçada ilha em busca de uma companheira, de alguém que entendesse o mundo da mesma forma que ele, de alguém que ele pudesse compartilhar a beleza dos seus sentimentos, de um amor que enchesse de vida o seu coração. Dia após dia, ano após ano, Fork procurou dentro da ilha por esse amor. Esforço em vão.

- Mas onde estaria ela?

Esta pergunta não se calava e Fork decidiu, enquanto ainda tinha forças, descobrir o que havia fora da ilha. Fez suas malinhas e caminhou em direção à ponte. Chegando lá, encontrou uma grande águia, a dona da ponte, que lhe informou:

- Meu caro sonhador, devo informar-lhe que minha ponte só tem uma mão, ou você fica na ilha, ou segue o seu coração.

Fork tentou avistar o outro lado, mas o belo rio que passava por debaixo da ponte era muito grande, impossível enxergar. Olhou para ilha e para ponte, pensou nos pomares, nos belos frutos que o alimentavam, na paz da brisa dos campos no verão e no aconchego de sua lareira sob a vista da neve através de sua janela no inverno. Pensou em voltar, mas sentiu seu coração bater mais forte, dolorido, retorcido pelo vazio, pedindo socorro. Parou então à margem do rio e se perdeu na sua beleza.

Dias se passaram e Fork ficou lá, atônito, sentado à beira da correnteza, vendo o interminável correr das águas. Ao final de uma tarde, uma garrafa escapou das forças das águas e encontrou a borda bem diante de seus pés. Os olhos de Fork brilharam, e, num ímpeto de emoção, retirou de sua malinha uma folha e um lápis e pôs-se a escrever. Em poucos minutos, enrolou a folha escrita, colocou dentro da garrafa e lançou-a de volta ao rio. E lá ficou, desta feita atento, observando as águas com um profundo interesse. Passaram-se horas, dias, semanas, meses...

O inverno estava chegando e, à beira do rio, o frio dificultava a permanência de Fork. Enrolado em um cobertor, Fork tremia incessantemente. Seus lábios estavam roxos e sua pele vermelha, queimada pelo vento gelado. Já não conseguia mais manter sua atenção no rio como antes, seu corpo estava castigado demais pelo cansaço. Fork guardava toda sua energia para manter seus olhos abertos e, quase vencido pelo peso de suas pálpebras, avistou um brilho refletido sendo carregado pelas águas do rio. Era a sua garrafa!!! Rapidamente se levantou, esticou seu braço e fisgou-a. Dentro dela sua mensagem e no verso, em letras doces, redondas e coloridas, uma resposta.

Fork rapidamente correu para a ponte. Nem mesmo esperou a grande águia repetir seus dizeres e atravessou-a, em passos firmes, decididos.

Do outro lado da ponte estava uma jovem, de olhar meigo e expressivo, que aqui chamaremos de Spoon. Também tinha a pele branquinha e os cabelos escuros, e era quase da mesma altura de Fork. Se Fork tinha os sonhos correndo pelas veias, Spoon tinha a habilidade de alcançá-los. Mirava um alvo e sua pontaria era certeira.

Como mão e luva, Spoon e Fork se uniram. Fork trouxe os sonhos e Spoon tratou de torná-los realidade. E o que se vê hoje são dois sorrisos incontidos, dois corações transbordando amor, descobrindo e redescobrindo o mundo, sempre de mãos dadas...

...e foram felizes para sempre!


Homenagem aos dois pombinhos, Érika e Fred, que se casaram semana passada em Ipatinga, após terem se conhecido pela internet, ela em Ipatinga, Brasil e ele em Hyannis, USA.

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

The human tower taking a walk in New York

Lá estávamos nós passeando em direção à Times Square. De repente, ao virarmos a esquina da Broadway, dezenas de fotógrafos, com seus equipamentos em punho, aguardavam ansiosos por alguém... Pensamos: Alguém deixou vazar nossa ida, hehehe...

Um homem engravatado, fazendo as vezes de uma espécie de cerimonial, organizou os fotógrafos e câmeras em um semi-círculo e avisou: - Are you ready? He is coming...

E nós dois lá, perdidos, colocados ao acaso em posição privilegiada. Primeiramente no centro do semi-círculo, servindo de barreira para os focos e flashes porque o movimento de todos fora rápido e, em seguida exatamente ao lado do grande homem, após reclamações dos profissionais que cobriam o evento. Provavelmente muitas fotos foram descartadas de seus equipamentos por nossa conta!

Próxima ao tumulto estava uma van, até então o principal foco das atenções. Duas mulheres abriram a porta trazeira e o primeiro impacto veio. Uma perna gigante foi colocada para fora do carro, em seguida duas bengalas e por fim, num completo desajuste, uma verdadeira torre humana se pos para fora do veículo. Impressionante!!! O homem mais alto do mundo, detentor do título no Guinness Book, sob olhares e flashs, caminhava com dificuldade, em nossa direção, exibindo um sorriso orgulhoso, porém inibido.

As fotos falam por sí só, take a look...