Tentei transmitir nas fotos o sentimento que eclodia nas ruas de Toronto neste sábado. Aliás, desde que chegamos aqui, diariamente o movimento de revolta contra a vergonhosa fraude nas eleições do Ira, ato que representa fielmente o quanto este regime está degenerado, vem tomando corpo, incorporado não só pela vasta comunidade iraniana que por aqui vive, mas também massificado pela ajuda de pessoas de todo o mundo, como nós, brasileiros.
A Yonge street, rua central que divide e referencia os lados east e west da cidade, é simplesmente a maior rua do mundo. De um lado das calçadas, de mãos dadas, milhares de pessoas, munidas sobretudo de princípios, empunhando bandeiras e cartazes, formaram, como numa grande fila, um imenso cordão que acompanhou grande parte da extensão da rua. Foram alguns quilômetros de movimentação, pessoas gritando palavras de ordem, clamando por liberdade, democracia e respeito aos direitos humanos, enquanto centenas de carros com bandeiras buzinavam incessantemente. Uma congregação de arrepiar, pelo compromisso, envolvimento e solidariedade de todos.
É interessante sentir de perto o início do fim de um regime, fazer parte da história, entender que algo está mudando e que, mesmo com uma ínfima participação, estamos contribuindo. Se os brasileiros tivessem a chance de entender (ou melhor, se quisessem) que as mudanças dependem de suas próprias atitudes, de ações individuais que manifestassem acima de tudo respeito próprio em primeiro lugar, manifestações desta natureza apontariam rumos menos nebulosos. Expurgaríamos os tantos vermes que estão empacados nas cadeiras dos três poderes destruindo as chances de um futuro próspero aos nossos filhos.
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