segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Sessão Cinema - "Nosso Lar", um fenômeno de público

Lá estava eu, acompanhando minha esposa numa odisséia inesperada. Em plena tarde de segunda-feira, forçado pelo acaso a ter tempo livre, fomos ao cinema assistir “Nosso Lar”, sucesso de bilheteria que retrata a história de André Luiz. Para os leigos na doutrina espírita (eu sou completamente analfabeto no assunto), André Luiz era uma espécie de espírito “guru” que alimentava o consagrado Chico Xavier.

Pois bem, sentamos na sala de exibição e eu apostava que iria encontrar no máximo meia dúzia de gatos pingados. Chegamos cedo, pipoca, coca-cola, sala vazia e eu lá, morrendo de vergonha de estar ali naquele horário. De repente, pasmem, o cinema começou a encher. Por um lado meu desconforto foi cessando, mas por outro, fiquei aterrorizado. Uma “alcatéia de assombrações” foi surgindo do nada, andares estranhos, pernas tortas, barrigas grandes, corpos deformados, esquisitices das mais horrendas invadiram o cinema. Um odor de naftalina impregnou o ar. A cada minuto, um grupo de figurinhas assustadoras subia as escadas e se acomodava, até que o cinema praticamente lotou. Minha impressão é que estavam exibindo O Retorno dos Mortos Vivos em 3D na sala vizinha e um bando escapou da tela e foi se esconder ao nosso lado. Parecia que quem tinha verruga na ponta do nariz pagava meia entrada.

Finalmente apagaram as luzes, meus batimentos voltaram ao normal e eu comecei a refletir sobre aquele público. Será que no espiritismo muitos cultuam a beleza interior como forma de compensação??? Ou será que a beleza interior daquela turma é tão superior que a mãe natureza é que compensou??? De repente, me vi rindo sozinho, tentando entender aquele fenômeno. Se fosse nos tempos de Hitler, bastava a ele anunciar a exibição desse filme dentro das câmaras de gás e deixar a porta aberta para a turma entrar que seus planos de “purificação da raça humana” seriam executados sem a menor resistência.

Veio a o filme e o humor negro rapidamente foi vencido pelo sono. Tirei um belo cochilo até que uma cotovelada cessou meu ronco. Não restou alternativa, tive que assistir uma parte da história e então conheci um pouco da doutrina e do tal André Luiz e não é que no acender das luzes todo mundo estava bonito???

Um comentário:

Angela Porto disse...

Rodrigo,
Você tem o dom da crônica, que vem de chronos, o tempo... que conta airosamentem, o que você faz com leveza e, não com amargura, o dia a dia, a vida, o contemporâneo. Não se esqueça disso...lembrei da linda música que Nana Caymmi canta que diz assim :
"Batidas na porta da frente
É o tempo
Eu bebo um pouquinho
Prá ter argumento

Mas fico sem jeito
Calado, ele ri
Ele zomba
Do quanto eu chorei
Porque sabe passar
E eu não sei"

Vc torna a feiura bonita! Escreva,mesmo! Reparei que do seus seguidores...sou 3! hehe